Wednesday, August 02, 2006
I don't fell funky anymore.
Saturday, July 09, 2005
Diz-me o que conduzes dir-te-ei o que és!
Uma grande divisão a fazer e que decide inequivocamente a virilidade de um homem é saber se o seu bólide consome gasolina ou gasoleo. Simples, rápido e eficaz. É que isto, embora possa não parecer, diz muito acerca da personalidade de quem abastece. Para quem não sabe, o gásoleo é viril. Sim, viril! Porque senão reparem:
É um produto menos refinado do que a gasolina. O petroleo quando é processado sofre diversas destilações. As primeiras destilações destinam-se a gasoleo, que é mais bruto, pesado e menos purificado e só depois vem a gasolina. E depois reparem... o que mais anda a gasoleo para além de carros? Tractores.. camiões... cilindros, catterpilars, locomotivas que puxam milhares de toneladas de comboios de mercadorias, tudo máquinas pesadas e viris! Alguém viu um camião TIR a gasolina? Pois não! A gasolina é para meninas, atinem no que vos digo! Alguma vez a gasolina faz aquele barulho de motor característico dos motores diesel? Nem por sombras. É o que vos digo, aquele barulho define exactamente a essência do homem. Um homem não tem medo de uns decibeis a mais, nem se importa com o estado da atmosfera, nem dos gramas de monóxido de carbono a mais que possam ser largados para o ar que respiramos. Isso é de macho, assim como as cilindradas elevadas que o gásoleo move e que a gasolina, para suplantar, tem que suar as estopinhas.
Outra coisa... já alguém viu a cor da gasolina nas bombas? Pois eu digo-vos... cor-de-rosa (no caso da sem chumbo) ou violeta (no caso da super)! Até por aqui se vê o estado das coisas. O gasóleo esse está tingido de um preto pesado, mesmo viril. Nada de cores duvidosas como o côr de rosa tão soubejamente mal afamado. E o violeta da super ( as gasolineiras bem querem ingrupir o pessoal com o nome super, mas a mim não me apanham) ainda vá que não vá, mas mesmo assim o próprio nome não agoira nada de novo. Quase que dá vontade de lhe chamar violetazinho.
Um último ponto que demonstra esta teoria, está ligado com o nome que as substâncias teêm. Qual destes nomes vos inspira mais confiança um GÁSOLEO ou uma gasolina? É que nem deixa margem para dúvidas! Gásoleo quando bem pronunciado, com o seu “Á” bem aberto, deixa-nos fortes, prontos para fazer a meia-maratona de Lisboa com uma perna ás costas e ainda depois correr todos os bares da 24 de Julho e beber uma data de cervejas de penalty. Gasolina, é uma coisinha, uma palavrinha, quase parece um diminutivo de nada, é peixe que não puxa carroça. Mais um bocadinho e junta-se ao violetazinho como gasolinazinha.
Agora antes de comprarem carro, a primeira coisa à qual têm que ligar não é nem o Imposto Automovél, nem a performance, nem muito menos o preço do combustivel. É o que o move. Gasoleo ao poder, nem que seja num chaço a poucos dias da sucata, com tantos quilometros que já deu a volta ao contador.
Eu acima de tudo não quero ver ninguém frustado, sozinho e sem apoio, num posto de abastecimento, a meter gasolina enquanto que a comunidade da utilizadores de gasoleo se resfatela e lhe esboça um sorrisso malandro, apontando o dedo ao sujeito. E muito menos vale, pegar num carro a gasolina e por-lhe gasoleo só para disfarçar, fazendo número para os amigos, arrependido por não ter dado mais uns cobres por aquele modelo a seguir que até dava mais uns quilometros hora, só que era mais carote
Thursday, February 24, 2005
Pintas e afins
Como em tudo o que de bom se tem na vida, uma queda, um jeito, enfim um dom, é sempre uma coisa que se tem que prezar. Seja qual for o dom, existe sempre ponta por onde se lhe pegar e uso ao qual lhe siga.
Isto de profissões tem muito que se lhe diga ... Há quem nasça com um chip electrónico na cabeça, ou qualquer semelhante, e se dedique de alma e coração à matemática, essa eterna descritora imponderável das coisas que nos rodeiam, desde o mais infímo vírus, ao mais quente astro que um dia há-de morrer. Há os músicos, esses eternos descabidos, que não tem sitio onde cair mortos – isto é, se não tiverem tido educação primorosa e sem mácula nos melhores tutores clássicos de batuta e paletó, ou nos afamados conservatórios – que trauteando ritmos e colcheias nessa maquinal caixa dos pirolitos, lá vão ganhando para o pão nosso de cada dia. Há os amantes dos animais – que não devem ser confundidos com os outros que levam demasiado à letra, diga-se, a expressão – que com ternos cuidados apaparicam aqueles que companhia dos solitários são, assim como, por outra face embelezam as calçadas do mui belo Portugal.
E há, entre muitos outros, os futebolistas que de dote ou xico-esperteza brotam aos milhões, tal qual papoilas saltitantes – ai alma benfiquista que tão despojada andas – de qualquer clubezeco, associação bairrista e escola de futebol de alta finesse burguesa.
É esta mui nobre classe que pretendo nesta missiva distinguir. O dom de futebolista, nos dias que correm, não se limita apenas a uma irrepreensível magia de movimentos de perna. Não é só saber confundir o adversário com ilusórias fintas de habilidade, nem se restringe apenas ao efeito de boquiabertura dos maxilares de quem o vê a efectuar milhentos toques de bola com todas as possíveis e imaginárias partes do corpo. Ser futebolista é mais do que isso... é passar os anos preparatórios da escola de vida, apenas em 2 épocas de um qualquer campeonato distrital. Começa-se nas escolinhas com o pequeno paleio tate-bitate de quem quer ser gente grande e de quem domina a bola como 1 milionário jogador. Daí ao jargão do “Passa a bola seu fuço” e ao enigmático “Ela [a bola] saiu para fora”, entremeado com doses q.b. de “Deslarga-me” ao dominar perfeito do rigor táctico ainda vão uns largos passinhos. As manhas aprendidas com os colegas, e entre os tiques tirados fugazmente de um qualquer jogo de alta roda – os atiranços para a piscina, os looks capilares na moda, assim como os refilanços e impropérios tão bem nítidos no gesticular dos lábios do craques, enfim... as maravilhas do meio – impera, dentro do relvado ou pelado, pejado a cal, as palavras desenxofradas pelo mister na cabina.
Isto dentro do campo, pois cá foram a magia do esférico é substituída pela mania dos típicos pintas. Os jeitos colhidos dos galácticos afortunados são transpostos para as mais mundanas e absurdas realidades. Os oxigenados cabelos, as franjas descaradas a descair sobre as borbulhentas frontes, aqueles sorrisos mordazes capaz de deixar as fêmeas loucas. E vêm as loucuras, as subidas das grandezas à cabeça, inversamente proporcionais aos escalões onde praticam a suposta arte. O amor à camisola, outrora a verdadeira alma do jogo, reduz-se ao amor à camisinha, substituição degradante mas assaz prazenteira do símbolo do peito ao latex viril. E o que vem a seguir? Borlas, borlas e mais borlas, entradas nas discotecas, aparições no papel da socialite, namoriscos fugazes com modelos e uma ou outra porta entreaberta...
Wednesday, February 16, 2005
Amor de valor acrescentado
Existem números especiais para Cupidos desinspirados ou Vénus com mais em que pensar do que meros devaneios literários, exagerados ao cúmulo do romance. É bom ver que o amor paira no ar ... literalmente. Basta apertar uns botões naquela caixinha mágica com a qual se fala com alguém e ... plim!!!...amor instantâneo... e nem basta juntar água. Bastou deduzir uma quantia delimitada do nosso porquinho electrónico e aconteceu.
Estou mesmo a ver os diálogos apaixonadissímos entre estes amantes “SMSésicos”:
- Olha eu “AMOR 3993”
- A sério?!! Olha que eu também “AMOR 3993”
- Eu “AMOR 3993”
- E eu, os teus “AMOR 3993”
E pronto... graças à telecomunicação sem fios e com a ajuda de uma ou outra máquina de fazer dinheiro suportada por uma offshore nas Ilhas Caimão, o tão afamado romance de cordel ou tragédia de faca e alguidar acontece perante os nossos olhos.
Tuesday, February 08, 2005
Pombos: esses grandes malucos
Uns pensamentos deveras perturbadores assaltam-me de quando em vez, quando passo pelas ruas deste país: a população de pombos está a diminuir. No entanto, não é a diminuição drástica do número destes que me preocupa em si, mas sim, a maneira de como estes perecem. E o caro leitor pensa, “ porque raio é que este artolas vai pensar em pombos esses bichos estúpidos que só cagam as estátuas e bombardeiam os nossos carros com presentes?” e pensa muito bem. A resposta é porque sim, porque choca-me ver os animais assim esparramados numa pasta de sangue no chão. Sim caro leitor, o pombo deve ter a sua função para além da decorativa, bibelot, nem que seja aquela de fazer guano – um bom adubo natural, na maior parte proveniente das gaivotas – ajudando assim umas poucas de famílias desfavorecidas e a derrubar a imensa maquina capitalista da industria petroquímica dos adubos.
Mas vamos á questão principal: a que se deve esta elevada mortandade “pombalina”? De certeza que não se deve à realização de abortos pelos imensos casais de pombinhos arrufados, uma vez que eu não tenho ouvido falar de politicas de planeamento familiar entre estes seres. Houve em tempos do mítico caso do 605 forte que era ministrado sabe-se lá por quem – talvez por uma velhinha “inocente” acérrima defensora do anti-pombalismo – em lugar do vulgar milho e migalhitas de pão do dia anterior. Opção esta pouco plausível uma vez que velhas destas há poucas, estão muito bem internadinhas ou enterradas, e a reforma não chega para o remédio uma vez que há prioridades no que toca á farmácia. A hipótese para a qual mais me viro, é para a existência de uma noite alternativa para estes seres alados. Estes metem-se nos copos, na bela da pastilha, sacam da bela da pomba e depois é vê-los todos marados a arrulhar, abanando o capacete nessas ruas de Lisboa.
Monday, February 07, 2005
Não custa nada!!! (ser um queijo Suíço humano)
Chamem-me maricas, pé-de-salsa ou fraco mas não sou lá muito amigo de agulhas. É pá não vou lá muito à bola com que me espetem um tubo oco metálico dentro das minhas veias, porque do ponto de vista de evolução anatómica os vasos sanguíneos foram feitos para serem fechados. Se por obra do acaso, mutações genéticas ocorram e que estas sejam gentis e pensem no coitado do pessoal que faz análises ao sangue. De um ponto de vista evolutivo seria interessante que os nossos vasos capilares sanguíneos apresentassem umas saídas especiais – assim como quem sai da auto-estrada para uma estrada secundária ou via de acesso – que permitisse que o processo deveras fastidioso e assaz repulsivo da recolha de sangue se tornasse tão simples como mudar o óleo a um carro. Se alguém tem contactos directos com o Criador, ou com a ordem global a que Darwin chama de selecção natural – embora ajudado pela amiga mutação sempre pronta a semear o caos em doses pequenas – diga-me algo. O meu pedido é simples: “Tirem o apêndice – que não passa de um monte de tecidos que no passado servia para digerir plantas – e ponham um tipo de bujão num sitio acessível mas que seja minimamente inviolável”. Rápido, pratico e ... seguro? Seguro... bom , estaria mesmo a ver um novo tipo de assaltos ao bujão.. como um mânfio chegar perto de um individuo e dizer: “ Sócio. passa aí os trocos se não queres que te tire o bujão e fiques para aqui estendido no chão a “espilrar” sangue que nem um cão atropelado”
Agora meus caros é só escolher entre o assalto ao bujão armado ou a episódios de recolha de sangue que comigo roçam o caricato.
Imaginem-vos chegados ao consultório, chamam-vos pelo vosso nome e sentam-vos numa cadeirinha. Colocam o vosso bracinho a jeito para a pica e começa o pandemónio. Se forem gordos como eu, primeiro que vos encontrem o vaso latejante, ali à mão de semear é o bom e o bonito. Quando finalmente vo-lo encontram, e falham e andam por ali no tira e pões, é o pesadelo. Ainda dizem que “É pá, pensava que ali estava e tal...”... Mas isto é alguma bomba de gasolina, andar ali a puxar a ver se sai gasosa. Mas pronto, um individuo tem que tentar dar numa de forte – se for uma enfermeira jeitosa ainda tentamos esgaçar um sorriso de engatatão de filme indiano Bollywodesco – e dizer “nahhhhh... não tem problema”, enquanto que por dentro resmungamos “esteja à vontade aí com o seu instrumento, não me importo de ir para casa feito queijo suíço, ou almofada de alfinetes... demore o seu tempo... NOT!”
Passado o pesadelo do levantamento do sangue, é pagar e não bufar. Esperar não adoecer ou suspirar de alivio até à próxima análise de rotina.
Agora digam lá, se a investigação genética não se poderia importar com coisas mais importantes quanto esta se, os inventores dignos de craveira, não poderiam magicar uma engenhoca que diria os vossos níveis de HDL’s, LDL’s, cortisóis, anfetaminas e coiso e tais apenas pela vossa saliva ou fluídos quejandos ?
Monday, January 31, 2005
Amoladores: Os senhores do tempo
No imenso imaginário da cidade de Lisboa – incluindo arredores e quiçá outras cidades e lugarejos do país – existe uma figura incontornável e que sempre me trouxe boas memórias: o amolador ou afia-facas.
Esta figura, típica de tantos bairros da cidade que munido da sua bicicleta, ou motorizada caso seja mais abastadito, conduzindo-a à mão por essas ruas íngremes parando sempre que solicitado e fazendo-se anunciar soando uma escala de notas contínuas de uma gaita de beiços.
O amolador sempre teve alguns mitos associados. Um deles e aquele que eu mais aprecio é o que revela que de cada vez que uma destas personagens atravessa os típicos bairros das cidades, traz consigo um prenúncio de chuva que se avizinha. Este prenúncio, não sei baseado em quê, deve advir daquela linha de pessoas que ao sentir dores em certas partes do corpo tornam-se de súbito em meteorologistas creditados por entidade suprema. O mais curioso e até arrepiante é que, em grande parte das ocasiões, estes prognósticos estão certos e parece que São Pedro das duas uma, ou cede a estas dores de rompante ou então envia um tipo de SMS sensorial para uns seres terrenos com poderes extra-sensoriais que são nada mais nada menos que uns meteorologistas arcaicos.
Até conseguirmos ter um sistema de previsões meteorológicas deveras mais refinado, teremos que num âmbito meramente local, que nos fiar na sorte de termos por perto uns familiares a quem o dom das dores faça prever o tempo. Nada melhor do que acordar com um “Doem-me os joanetes... hmm ... hoje levo o guarda-chuva!”.
A alternativa é então vivermos num bairro típico de Lisboa e acordar a ouvir o cantarolar do amolador, acompanhado pela sua gaita de beiços e esperar que encarne na sua pessoa o espírito de um enviado meteorológico do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica.